17 maio 2009

chuva e vento

Na escada amassada pelo tempo, submissa às ordens do vento eu tentava encontrar-te no meio da multidão. Desejava que me encontrasses ali. Queria que viesses ter comigo como se já há muito me conhecesses. Queria que fosse assim! Estranho, confuso, completamente desconhecido para nós. Absurdamente estúpido, estúpido à nossa maneira de ver o mundo das coisas e das pessoas. À nossa maneira de sentir o vento e a chuva que começa a cair agora... Queria sentir-te perto de mim, o teu calor perto e perto sem nunca me tocar, mas queria sentir que não sou só no meu mundo, que existe mais alguém para além do que está visível. Alguém que me pode fazer feliz.
Eu gosto da chuva já agora. Sempre que toca no meu corpo, cada gotinha, da maior à mais pequena, evapora em contacto comigo. É esta a ligação que quero construir contigo que moras longe.
Eu gosto de te sentir mesmo não estando aqui comigo. Gosto de saber que permaneces comigo, mesmo sem me conheceres, mesmo com toda esta multidão que nos separa e nos faz ver o impossível.
Porque impossível sou eu e és tu. Porque chove e faz vento e mesmo assim não arredo pé deste sítio. Não quero sair sem te ver chegar a mim.
Não quero ir embora, sem sentir que realmente tu me viste ali, sentado no meio de tudo e do nada, no meio do resto. Quero sentir que não sou apenas um ponto insignificante, quero sentir-me especial por teres reparado em mim.Vejo ou imagino os dois pontos negros brilhantes a observarem-me. Já não sei o que é real. A realidade distante que vivemos ou esta realidade irreal em que vivo.

Srª Esquisita e Sr. Vaidoso

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