30 junho 2009

Love will tear us appart.

E se me perco em devaneios, se ouso morar longe da razão a minha vida tomba-se. É como todas as lágrimas de embriaguez, todas as ruínas e fraquezas do meu coração… Como um assombro que se alimenta de dor, sofrimento e ténues lágrimas, densas e espessas de nojo. E não encontro as lágrimas vermelhas, não encontro nomes, não encontro palavras nem opiniões senão a minha, não encontro flores… e os aviões despenhados, esses deparam-se com realidades mortas. O nada consiste no tudo, e o tudo resume-se a nada. Não tenho perguntas, nem tens respostas. Vais guarda-las sempre, aconteça o que acontecer até que chegue a Primavera.

Fii

22 junho 2009

no cars go  

As horas, os dias, as semanas foram como uma fonte de desejos e sentimentos, pequenas coisas que começaram a criar uma pequena grande história. Como tantas outras que ja vivi, que me fizeram crescer e bater com o punho na mesa do injusto. E foi tudo assim, o céu e as estrelas assistiram a toda a metamorfose que foi gerando uma avalanche de raios e coriscos na minha mente, empobrecida pelos esquecimentos e pelas minhas pernas cansadas de um caminho sem regras.
Tu foste (és) aquilo que o meu subconsciente sempre ansiou, sem nunca alcançar. A vida é mesmo assim, como uma caixa ou outro recepiente qualquer. O unico valor que pode ter, é o que a enche, porque uma vida levada pelo vazio e pela mediocridade é como uma guerra sem batalhas. Tu levas-me a ver o outro lado... E afinal o que é que isto significa? Uma subjectividade de afectos e palavras, com metaforas, antiteses e todas as outras figuras de estilo que poderia usar.
Eu sei que é mais que isso, é mais que um amor que se possa escrever, o te seguido do amo dava um simples e insignificante... amo-te? E sera que amo?
Como pode uma grandiosidade destas submeter-se a uma palavra tao amarga, tao pequena? Não é isto que eu quero.
Não quero um amo-te, nem um beijo de despedida. Quero as tuas palavras, quero o teu abraço, quero a inocencia do traço das tuas maos e dos teus olhos verdes, quero a timidez dos teus labios na minha testa, quero a tua presença e quero a verdade nua e crua. E agora diz-me, trocaria eu tudo isto por uma misera palavra?

14 junho 2009

and the other side

Não desencantes os meus passos. Não deixes perdidas as nossas memórias na luz da noite e na nostalgia das cortinas do meu quarto. Porque de cada vez que as estrelas se dignam a olhar e a abençoar o meu coração, sinto apenas que vais permanecer. E permaneces, permaneces sempre de uma forma que me deixa completamente enlouquecida e desvairada. E agora é como se todas as minhas decisões, todos os meus pensamentos caminhassem até ti, até.... nós. E eu não quero por um ponto final nestas palavras, porque estão no outro lado da minha vida, aquele onde apenas tu consegues chegar. E vence todos os teus medos, porque os meus já estão vencidos. Resta-nos agora sofrer as consequencias de uma alma livre.


Fii

13 junho 2009

A chuva que não cai e não me molha. O vento que me bate e não sinto. A terra que piso e que não fica marcada. O ar que não respiro e que me atravessa. As pessoas que me olham e me deixam à margem, o relógio que compassa o tempo. Tudo mexe, tudo move. Nada está parado, só eu. O mundo gira e não espera por ninguém. O meu mundo está distorcido, eu mesmo o distorci para parecer menos cinzento. O cinzento prevalece acima de tudo, mas mais acima ainda estão os interesses. É lá que se concentra toda a gente. E é por isso que este texto não fala sobre ninguém, porque está quase tudo longe, lá em cima no fim do mundo. Está a chover, o vento corre tudo à frente e o ar está sujo. Os relógios estão doidos a tocar e marcar horas, cada um as suas. As pessoas passam e nem olham, nem param. Estão sob a droga do trabalho. Eu não estou e sinto-me só.

06 junho 2009

"Não se sabe como acontece, nem quando. Digo o desejo, que tudo arrasta, tudo envolve num aperto que asfixia. A vontade de anular todo o intervalo entre as coisas no ardor dos corpos, no misturar das línguas. O sexo é o caos, o precipicio para onde nos lançamos entrelaçados. O desejo atinge a cabeça no centro do sexo. Os seios aprumam-se ao menor toque suave dos dedos. A cabeça do sexo erguida, Raquel fica estátua, medusa petrificada onde só os olhos muito azuis brilham. As bocas abocanham o sexo escorregadio, agarram-se às reentrâncias, à pele por debaixo de tudo. Nada mais quero do mundo senão a tua flor coberta de orvalho, sussurra um de nós, sem que ninguém o ouça. Vera desata o cabelo. O cabelo escorre pelo tronco de Raquel, o sexo no meio do vermelho dos lábios. Alguém de repente levanta-se, corre sedento a beber água, aos golos, como se a houvesse pela primeira vez, regressa e senta-se no sofá, intoxicado pelo fumo, preso às imagens interditas. Não se ouve qualquer música, é um trabalho sério. Ouvem-se só, de quando em quando, pequenos gritos, palavras fracas, frases por terminar, sobre as respirações ofegantes. Um corpo a corpo de mulheres, de meninas. Eu fico sem saber de nada, nadinha. Quem comanda? A mão encontra o sexo que encontra a boca e tudo se desfaz para se refazer numa exaltação de abandono. Os corpos são coisas sem vontade, desamparadas. A boca encontra a boca, desfaz-se nela em beijos fundos. A boca encontra o seio, engole-o. O sexo avança pela carne, a mão de Vera indicando o caminho. Não há palavras. Quem diria. É preciso uma ordem minima. Raquel segura Vera por detrás que se oferece como um fruto. Os movimentos repetem o prazer que só por si anseia, por vezes mais agudo, quase dor, que se escapa do interior para o exterior dos corpos. Os corpos vindo-se reviram-se para desvendar mais um segredo. Nunca tive prazer assim tão fortemente, confessa uma voz comovida. Há lagrimas. As mulheres são infinitas. O macho tem de dosear o sémen, a corrente, o liquido de que é feito. A sofreguidão, no entanto, aumenta. Vale tudo o que der mais prazer ao outro, que o prazer vem do outro, num esplendoroso reflexo. A tua face desfeita, como é linda. Os teus cabelos são sedas onde me perco. O teu sexo pulsa por cima do meu coração aflito. O sexo é o caos primordial antes da separação dos corpos, o que liga a morte à vida. As coisas são todas as coisas a que se possa lançar a mao, roubar o fruto, sorver a corrente de suor que se escapa do interior dos corpos virados do avesso. Só a exaustão tranquiliza, pode parar o movimento que por si não se esgota

02 junho 2009

the wall

sentado , quieto a olhar. a parede não se mexe , não respira nem faz qualquer movimento mas mesmo assim é mais viva do que qualquer um de nós. não passa de uma parede , mas esta tem algo mais. está situada ao lado de não sei bem o quê. está perdida pela cidade , ou a cidade é que está perdida nela. está à minha frente , imobilizada comigo. daqui não saimos.
não tem cor nem tem cheiro , está morta por assim dizer. mas é das tais coisas que só damos valor depois de mortas. o que pode significar uma parede ?
estou enclausurado por ela , o que antes parecia ser so um conjunto de pedras umas em cima das outras à minha frente é agora um círculo que me rodeia e me faz estar preso. mas observo cada traço seu.
uma parede é mais do que isso , uma parede se falasse contar-nos-ia mais do que qualquer aspirante a 'ter a mania que sabe'. vivem pelas paredes inúmeras coisas , mas nesta não. apenas um pequeno resto de um poster publicitario rasgado e sem cor , uma tentativa de desenho daqueles feitos com tinta enlatada , parece uma caveira ou uma nave espacial , ainda nem sei bem. a arte de rua tambem consegue ser abstracta. esta parede é diferente porque me cativa , aposto que a gente ja fez de tudo contra ela. de tudo. ontem estive encostado a ela , tentando prever o dia de hoje , que em nada foi igual ao que previ. de cigarro na boca e atirando beatas para aquele chão só pensava no que realmente vale a pena pensar , naquilo que nos faz manter sempre de pé e sem cair ou sequer tropeçar mais a sério. aquilo em todas as tentativas (falhadas) de obstruçao nos fazem mais seguros , mais experientes.
eu e a parede somos velhos amigos de guarda , sou veterano e ela também. fiz parte do seu crescimento e ela do meu. devia ter os meus 20 anos quando a construí , apenas por que precisava do dinheiro. hoje é a minha companhia depois dos tempos. nunca soube por que a construimos , ela so ajuda a dividir um mundo em dois. o nosso lado e o outro lado.

ergue-me

Uma pedra no nosso caminho , é uma escolha que fazemos. tropeçamos ou nao. mas por mais quedas levantomo-nos. porque acreditamos no que temos, no que vivemos. é isto que nos torna mais fortes ainda. porque se nao fosse eu , se nao fosses tu Catarina .. por tudo e por nada , obrigado ^^ obrigado por estares lá sempre , pelos dias todos , bons e maus , mas um mau bom , daqueles que nos fazem crescer e ver o que é importante.. vivo-te cada vez mais.
Metaforicamente falando habitamos uma calçada da rua , cheia de pedras soltas.. a maior parte delas são evitadas , mas em algumas nao podemos evitar cair , mas caimos juntos. caimos juntos para nos podermos erguer lado a lado, de mao agarrada , presa ! porque a nossa uniao é a coisa mais forte do mundo.
Eleva-me e eleva-te.

pedaços meus perdidos em nós. partes partidas espalhadas e perdidas no nosso espaço. tudo nosso , tudo desorganizado à nossa maneira :b

é este o mundo que começamos e que procuramos.
ja és parte de mim e eu , sou parte de ti ?

espero-te , aguardo-te. aqui bem à espera do dia de amanha ^^

amo-te catarina