13 junho 2009

A chuva que não cai e não me molha. O vento que me bate e não sinto. A terra que piso e que não fica marcada. O ar que não respiro e que me atravessa. As pessoas que me olham e me deixam à margem, o relógio que compassa o tempo. Tudo mexe, tudo move. Nada está parado, só eu. O mundo gira e não espera por ninguém. O meu mundo está distorcido, eu mesmo o distorci para parecer menos cinzento. O cinzento prevalece acima de tudo, mas mais acima ainda estão os interesses. É lá que se concentra toda a gente. E é por isso que este texto não fala sobre ninguém, porque está quase tudo longe, lá em cima no fim do mundo. Está a chover, o vento corre tudo à frente e o ar está sujo. Os relógios estão doidos a tocar e marcar horas, cada um as suas. As pessoas passam e nem olham, nem param. Estão sob a droga do trabalho. Eu não estou e sinto-me só.