04 abril 2009

Morte dos Meus


Morte dos Meus? Gostava mais se fosse morte do meu, acho que lhe daria um rumo diferente. Mas vou aceitar assim, divagar assim, escrever assim, mata-los assim.
As vezes tenho medo que a minha vida seja eterna, que veja mesmo todos os meus a morrer e aí acho que nao vou ter vontade de viver.
Vou deixar-me levar pelas palavras agora, elas que tomem conta deste teclado, que se façam minhas e eu delas. Primeira palavra, errado. Hoje tudo me parece errado, tudo me parece confuso e fora do lugar. O meu quarto está arrumado, a cama está feita, o Sol entra pela janela como todos os dias... Mas falta qualquer coisa para completar este ciclo perfeito que é o meu quarto, a minha vida. Porque a vida é mesmo muito perfeita, acontece tudo e nada, sofre mutações que recorrem a meios menos perfeitos, mas ha tanta coisa que acontece só por acontecer, que no final leva tudo ao mesmo, a nós.
Segunda palavra? Solidão. Solidão porque hoje não há ninguém capaz da tal companhia, perfeita como a vida. Acho que me sinto sozinha ha demasiado tempo, ha demasiado espaço vazio aqui onde estou. As paredes são brancas, simples, bonitas, perfeitas como a vida. A terceira palavra podia simplesmente ser vazio, mas não quero que exista terceira palavra. Porque iria implicar uma quarta, e eu nao quero ter de escrever a quarta. Magoa-me esta quarta palavra, mas a culpa não é dela..
Morte dos meus implica estas duas palavras, é errado e provoca solidão. Tambem implica memórias, papéis, retratos e lagrimas... Morte dos meus, lembra-me um piano tocado por umas mãos suaves, perfeitas como a vida. Um alguem robusto, perspicaz, que sente a quarta palavra no piano, que o toca como se este fosse uma mulher. Uma mulher perdida, inocente, magoada e ressentida, tocada por outras mãos que nao as dele.
A quarta palavra perguntas agora... Amor, o amor que flui nas minhas veias. Não sou um pianista, nem tão pouco estou morta. Sou apenas eu, uma mulher perdida, inocente, magoada e ressentida, um dia tocada pelas mãos frias de um Deus.
Filipa Henriques
(o título é meu , bom trabalho Filipa ........ L.)

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